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Confira a entrevista destaque do Delta Informa desta semana!

Delegada confidencia que ia fazer concurso para magistratura, mas foi seduzida pela carreira na Polícia Civil do DF

 

A delegada Regilene Siqueira Rozal conta em entrevista ao Delta Informa um episódio especial que ficou registrado em sua memória como um dos momentos em que percebeu o quão feliz estava na profissão.

Buscando conforto, Siqueira aderiu ao jeans como uniforme de trabalho, mas nem por isso abriu mão de usar seus sapatos de salto prediletos, os “scarpins”. Em 2019, enquanto se deslocava para um plantão na 6ª DP, recebeu a ligação de um agente que informava a ocorrência de um duplo homicídio na área coberta por aquela delegacia.

“Cheguei à DP de jeans e scarpin, como sempre, e rapidamente embarquei numa viatura caracterizada, na companhia de dois agentes de polícia. Quando chegamos ao local, uma área rural conhecida como “Café sem Troco”, já me dei conta da impertinência do meu calçado. O local não contava com pavimentação asfáltica, e mais do que isso, apresentava uma terra fofa e vermelha, que mal me permitia ficar de pé sobre o salto”, recorda a delegada.

Mas, a história não terminou aí: diante da notícia do possível paradeiro de um dos suspeitos do crime, o grupo seguiu desta vez para um acampamento “sem-terra”, sendo que parte do trajeto teve que ser feita a pé. “Eu com o salto nos pés, fingindo normalidade num terreno irregular e pedregoso. E acredite, apesar das risadas dos colegas, em momento algum eu deixei de desembarcar da viatura e de acompanhar a equipe nas diligências”, lembra.  Ao fim da jornada, o sapato que era azul estava vermelho e com o salto destruído.

“Mas, apesar disso e da dificuldade na qual eu mesma me coloquei, eu me sentia ótima, feliz por estar ali, realizando aquele trabalho, naquele lugar, com aquelas pessoas. Aprendi a lição sobre o calçado, mas, acima de tudo, descobri que eu amava estar ali”, conta. Agora, ela confidencia que sempre leva um coturno na mochila.

Trajetória

Natural de Goiânia e irmã do meio de um lar predominantemente feminino, sua trajetória profissional foi definida quando decidiu, influenciada pela família, cursar a graduação em Direito. Por influência dos colegas de classe, Regilene vislumbrou no serviço público uma forma de ascender profissional e socialmente. A primeira aprovação veio quando ainda estava na faculdade, como Analista Judiciário do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, cargo que ocupou por quase 15 anos.  

Quando retomou os estudos para concurso em 2014, tinha como foco a magistratura estadual, mas surgiu o edital de abertura do concurso para o cargo de Delegado da PCDF.  

“A minha decisão pela carreira de Delegada aconteceu já durante a realização do curso de formação, no ano de 2016. Percebi ali que me sentiria feliz e realizada exercendo as atividades típicas do cargo”, afirma Regilene, que tomou posse em julho de 2019.  

“Depois da posse, a cada dia de trabalho, a cada procedimento realizado, a cada operação policial de que participo, fica ainda mais sedimentado dentro de mim o meu apreço e gosto pela atividade policial. Hoje, considero-me vocacionada para o cargo, em todos os seus desdobramentos, reconhecendo que, de fato, fui escolhida pela profissão. São os revezes da vida!” Orgulha-se a delegada.

Mulheres na carreira

Regilene considera imprescindível a presença feminina na carreira policial, especialmente no cargo de delegado de Polícia. “Ao contrário do que se pode pensar, a atividade policial não se restringe a posições truculentas, típicas do sexo masculino. A bem da verdade, o exercício da atividade policial, em vários aspectos, necessita da sensibilidade, da sutileza e da versatilidade típicos do universo feminino”, afirma a servidora.

Apesar dos avanços, a delegada conta que ainda existem aspectos discriminatórios à participação da mulher em carreiras policiais. “Por vezes subestimando sua capacidade, outras vezes tratando-a como mera peça de decoração de um ambiente policial assustadoramente masculino”, relata Regilene. Em sua avaliação, para que os avanços aconteçam é necessário que as instituições sejam submetidas a um processo de conscientização, potencializado pelo ingresso de jovens na carreira. 

“Reconheço que a situação atual é muito melhor do que a de outrora, mas é preciso avançar. Dentro dessa perspectiva, parece-me indispensável que às mulheres seja possibilitada a ocupação de mais espaços de relevo na instituição, seja na gestão, no movimento sindical e na própria atividade fim, como que fechando um círculo virtuoso”, declara a policial.

O fato de ocupar uma carreira ainda considerada tipicamente masculina não deve servir de desestímulo para aquelas que desejam seguir a profissão. “Eu me considero uma incentivadora de mulheres. Quando tenho oportunidade, incentivo-as a buscarem superação, posicionamento no mundo”, assegura a servidora. 

Para as aspirantes ao cargo, seu conselho é de estarem emocional e tecnicamente preparadas. “Segurança e firmeza de posicionamentos, bem como a consciência do papel que exerce, são, a meu ver, a chave para se alcançar respeitabilidade na profissão, tudo isso, obviamente, sem perder a ternura e demais atributos femininos, os quais considero virtudes e não defeitos”, reitera Regilene. 

 Associativismo

Mesmo com pouco tempo de carreira, a delegada considera que as entidades que representaram a categoria são indispensáveis. “O SINDEPO e a ADEPOL são imprescindíveis à valorização e reconhecimento do cargo Delegado de Polícia do Distrito Federal, pois somente por meio dessas entidades é que a categoria consegue se organizar minimamente, para, com isso, se posicionar, interna e externamente, frente aos assuntos de seu interesse ou da instituição”, diz a delegada.

Ela elogia os benefícios direcionados aos associados. “Avalio de forma muito positiva os esforços que têm sido envidados para o fechamento de convênios que tragam benefícios financeiros para a categoria, até mesmo como forma de compensação pelas perdas inflacionárias sofridas nos últimos anos”, reconhece a servidora.

Outra conveniência que a delegada tem desfrutado para confraternizar com os amigos que fez na cidade é o Clube Adepol. “O Espaço Mulher eu conheci recentemente, e o considero uma comodidade excelente para a mulher delegada, seja pela qualidade do atendimento prestado, seja pelos descontos com que somos contempladas”, elogia a policial.

Ser delegada de polícia é....

“Ser delegada de polícia representa, para mim, a oportunidade de participar ativamente da vida em sociedade, contribuindo com a manutenção da paz social, e, por fim, com a preservação do Estado, enquanto garantidor dos direitos e garantias fundamentais do cidadão, cujo bem estar é o objetivo maior. Tudo isso porque é o delegado a autoridade pública dotada do poder-dever de aferir a legalidade da atuação do Estado e de emitir juízo de valor sobre a tipicidade penal das condutas, que primeiro tem contato com o crime e com o delinquente, recaindo sobre seus ombros grande parte da responsabilidade sobre o destino da sociedade”. 

Publicado em 08/03/2021

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